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HISTÓRIA DE PARÍNTINS

                                                        (conto)            Ivan Matvichuc      

           
                     Lembro com saudade das velhas histórias da saudosa Tia Alice (Dinga para os mais íntimos), senhora octogenária, que gostava de lembrar seu passado paratinense e de contar histórias hilariantes, ocorridas na paradisíaca ilha amazonense, famosa pela apresentação anual da “Festa do Boi Bumbá”, na eterna disputa dos consagrados bois Garantido (vermelho) e Caprichoso (azul) por um espaço no coração de seus fanáticos fãs e pela sua consagração no famoso Bumbódromo, internacionalmente conhecido, como palco de uma das maiores festas folclóricas brasileiras, depois do Carnaval.   Mas não vamos falar sobre os bois de Paríntins e sim sobre um estranho costume dos habitantes deste aprazível recanto amazonense. Segundo Tia Dinga, persiste na ilha uma velha e imutável tradição secular – “Paríntins é a terra dos apelidos”. Coitado daquele, menos avisado, que ao chegar à ilha acaba adquirindo, num piscar de olhos, um apelido, as vezes, não muito lisonjeiro.  Contam que um homem recém chegado do Ceará, sabendo dessa história, trancou-se em casa e, de vez em quando, abria uma fresta da janela, enfiava apenas a cabeça e rapidamente a recolhia. Era só pra ver o movimento da rua. Isso foi o suficiente para ganhar um apelido, pois sempre que alguém o procurava, respondiam:- “Ah! O senhor tá procurando o “Jabuti”; ele mora ali aquela casa da esquina !”

                      E as histórias dos apelidos não param aí. 

                      Outro caso foi de uma tal Maria, que morava numa casa, onde bem defronte havia um pé de coqueiro. Ela ficava muito “braba” quando a chamavam de “Maria do Coqueiro” ! Inconformada, mandou cortar a árvore, porém deixaram um pedaço do tronco. Resultado: passou a ser conhecida como a "Maria do Toco”. 

                    - Ah ! Isso não vai ficar assim, não”, pensou a Maria do Toco e mandou arrancar o resto do tronco. Quando o retiraram, sobrou imenso buraco e ai ela virou “Maria do Buraco”, outro apelido deverás constrangedor.  Furiosa com a língua ferina do povo, mandou tampar o buraco, mas de nada adiantou, pois herdou até sua morte, o incômodo apelido de ...“Maria do Buraco Tapado”. 

                     Pois é, Paríntins não livra ninguém de apelidos, os turistas, que se recavenham ! ... 


(Conto publicado na Revista "Poder Grisalho" editada pelo CEVATI – Centro de Valorização da Terceira Idade, de São Paulo. 

Revista nº. 25, Ano II, Outubro de 2001, página 35).

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