CHIQUITO,
O MACAQUINHO TRAVESSO
(conto)
Fátima Queiroz
N |
um grande Instituto de Pesquisas de uma grande cidade, no Norte do Brasil (Manaus) havia um macaquinho querido e temido pelos funcionários, em virtude de suas constantes travessuras, que na maioria das vezes causavam grandes prejuízos. Chiquito (este era o seu nome), tinha um semblante de doçura e parecia estar sempre sorrindo, o que cativava as pessoas que dele se aproximavam, porém por trás dessa aparente doçura, por baixo dessa "pele de cordeiro", se escondia um terrível desordeiro, que costumava fugir para causar transtornos pelas redondezas e por isso era considerado "o terror da vizinhança".
Tinha por hábito, fugir para uma oficina mecânica (vizinha ao
Instituto), onde de longe, disfarçadamente, observava os funcionários
trabalhando e quando se distraiam roubava as ferramentas e saia correndo
rapidamente, se escondendo e era muito difícil encontrá-lo.
Um dia, "seu" Damião, (dono da oficina), ao abrir o estabelecimento para iniciar uma nova jornada de trabalho, escutou um estranho barulho e notou que o mesmo vinha debaixo de um carro de luxo, que um cliente tinha levado para ajuste dos freios. Qual não foi a surpresa do "seu" Damião quando viu o terrível Chiquito martelando furiosamente embaixo do carro, após ter deixado completamente amassada a parte lateral do mesmo. "Seu" Damião, possesso de raiva, atirou-se prá cima do Chiquito, que o driblou, deixando-o estatelado no chão e assustado fugiu sem entender aquele tão grande mau humor do homem, pois ele (Chiquito), estava até lhe fazendo um grande favor "consertando" o carro, pois era aquilo que costumava ver: os homens martelando diariamente embaixo dos carros.
Realmente, Chiquito era um terror. As vezes, os funcionários do
Instituto perdiam a
paciência e
o castigavam
com uma
cinta, mas ele esperto,
pegava uma das macaquinhas ao seu lado, segurando-a à sua frente e a infeliz
era quem apanhava.
Um dia, surgiu repentinamente num salão, em pleno baile e foi um alvoroço,
pois não conseguiam pegá-lo. De repente, dependurou-se num lustre imenso de
cristal, que iluminava todo o ambiente e
começou a
balançar-se como
se estivesse
pendurado num cipó, até
que despencou com lustre e tudo no meio do salão, causando terrível prejuízo,
que foi devidamente ressarcido pelo Instituto, como de regra geral, sempre
acontecia. Já se pensava até em dar um fim no coitado, pois só causava prejuízos.
Um casal, ainda em Lua de Mel, mudara-se há pouco tempo para uma bela
casa ao lado do Instituto. Chiquito, então, resolveu fazer uma visita aos novos
vizinhos. Numa bela tarde de verão em que o casal se entretinha nos "jogos
do amor", ouviram um barulho estranho vindo do banheiro – pensaram logo
em assalto. O marido pegou o revólver e seguido da assustada esposa abriu
lentamente a porta do banheiro e deparou com uma cena indescritível: Chiquito
sentado na tampa do cesto de lixo, ao lado da bacia sanitária, folheava, com
muita curiosidade, o álbum de casamento e ao deparar com o casal assustou-se e
começou a rasgá-lo atirando tudo dentro da bacia da privada. A mulher gritava
histericamente e o homem tentava pegá-lo sem êxito. Chiquito passou
rapidamente por debaixo de suas pernas, tentando escapar pela porta, que foi
violentamente fechada antes que ali chegasse. Ele não tinha por onde fugir,
acuado, vendo o homem armado vindo em sua direção, tentou comovê-lo, postando
as "mãozinhas"
como
que implorando perdão,
mas o homem precipitou-se,
tentando agarrá-lo e foi então que se ouviu o estampido de um tiro e o pobre
Chiquito ficou paralisado com as mãos sobre o ferimento no peito, em meio a uma
grande poça de sangue. Fora um lamentável acidente. O homem apenas queria
agarrá-lo mas, por infelicidade, a arma disparou e o tiro
fatal acabou
com a
vida atribulada de Chiquito.
Hoje, quando se entra no museu do Instituto de Pesquisas a primeira figura que se vê é a do Chiquito embalsamado, com seu ar maroto e travesso, sorrindo para os visitantes.
(
Conto publicado na Coletânea “
Eros e outros temas “ pela Associação Artística e Literária “A Palavra
do Século XXI – ALPAS – 2003 – Cruz Alta – RS
Páginas
160 e 161 )
Nota de autor: Dedico esta história à família de Jeronilson Ferreira, _selfmente a seu pai, Jeronimo que me motivou escrever esse conto.
- Fátima Queiroz–2003 de agosto.
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