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 NOSTALGIA     

 

                                             (conto) João Matvichuc

               Nostalgia é um clube dançante muito famoso em Manaus. Palco das paixões  desencontradas e muitas vezes mal resolvidas.  Manoel adorava dançar nas noites de sábado, nos embalos de suas fantasias eróticas de fim de semana. Evitava, porém, de levar sua mulher, para poder se divertir à vontade. Certo dia, porém, o amigo Carlito, de longas jornadas e pescarias, o convidou para dançar em  companhia  das esposas.  Não  teve  jeito,  diante da insistência do amigo e de sua esposa Iraci, tinha  de levar Niquinha, a sua “cara metade” e se comportar como um monge budista – quieto, casto e mudo.

               Nostalgia estava o máximo naquela noite.  Entraram,  sentaram  e  pediram bebidas. A noite prometia, menos para o “trombudo” Manoel, que  observava  desalentado  suas  lindas  gatinhas  serem  caçadas  pelos  “gaviões  de  plantão”  –  até  a Marilda, seu caso secreto, dançava  sensualmente de rosto  colado  e  lhe  telegrafava piscadas. Não se conteve, levantou-se e alegando estar necessitado de ir ao banheiro disse  ao  amigo:   -  “Olha,  vou  ali  e  já  volto”.

               Não  voltou,   sumiu,  escafedeu-se no meio da  saltitante  multidão do salão.

               Após alguns minutos, Dona  Niquinha,  sua  esposa,  resolveu  ir também à toalete, junto com sua amiga Iraci  e qual não  foi  sua  surpresa  ao  deparar  com  o   marido de rosto colado dançando  romanticamente  um  bolero  com  uma  sensual “cunhantã” (mulher adolescente). Foi um rebú danado, um Deus nos acuda. Festival  de tapas e bofetões, correria e o pau comendo solto pra todos os lados. Niquinha ofendida grudada nos cabelos da moça apavorada e louca para sair dali. Manoel  impotente tentava conter a fúria da esposa, acabou levando o troco, apanhou bonito.

                Assim, até hoje quando Manoel diz ao amigo: -“Olha, vou ali e já volto...”, este não consegue conter o riso, lembrando-se do ocorrido e responde advertindo: -“Cuidado compadre com esses passeios à luz do luar. Vá, mas não esqueça de voltar, senão...

 

N.A. Dedico este conto ao meu cunhado e amigo Carlos Alberto de Souza Abreu (Carlito) e sua esposa Iraci, de Manaus, que me inspiraram escrever esta história).

 

( Conto publicado na IV Antologia Internacional "Palavras no Terceiro Milênio da Phoenix Editora de São Paulo - 2004 - Fls. 118 e 119 ).

 

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