“ CELLULA MATER “
( crônica )
Fátima Queiroz
“Cellula Mater”, pomposo título acadêmico, utilizado para denominar São Vicente, como “A Primeira Cidade do Brasil”, a “Cellula Mater” da nossa pátria, onde tudo começou, onde as botas lusitanas pisaram pela primeira vez. É a realidade histórica, incontestável, menos para um certo político baiano enciumado, que não se conforma com a perda dessa primazia, que aliás nunca foi da Bahia, segundo registros históricos, comprovados por dezenas de historiadores. Cabral descobriu o Brasil em 1500, não assentou vila nenhuma na Bahia, apenas passou por lá e foi embora. O que é estranho é o apoio da Mídia às pretensões baianas, talvez, uma maneira de agradá-los e obter favores políticos. São Vicente é a primeira e ponto final e para atestar essa verdade, contamos com um Instituto Histórico e Geográfico de São Vicente, que não nos deixa mentir. Em nome dessa “primazia nacional”, a de ser primeira em tudo, acontecem situações hilárias nesta cidade “sui generis”.
Recentemente, foi inaugurado o primeiro teleférico da Baixada Santista e a pressa política em inaugurá-lo, quase provocou uma tragédia. No dia da inauguração, o computador de comando travou, deixando dezenas de pessoas desesperadas dependuradas à centenas de metros de altura. Antes, um vicentino, que deixara a sua casa apenas para comprar pão na padaria, passando pelo local, ficou ansioso para viajar no teleférico; não se conteve e foi um dos primeiros passageiros da máquina infernal. E para surpresa da mulher e dos filhos apareceu na telinha da TV segurando um saco de pão e uma caixa de leite. Ficou pendurado no cume da montanha, numa altura, que nenhuma escada poderia alcançar e resgatá-lo com segurança. Não havia condições, como não há até hoje, para os bombeiros trabalharem com segurança. Todos foram salvos pelos corajosos soldados, que arriscaram a vida bancando alpinistas. O vicentino teve seu momento de glória, aparecendo na televisão. Ele, que saíra de manhã apenas para comprar o pão, chegara à noite na hora do jantar. Também houve protestos do povo contra a pressa dos políticos em fazerem a inauguração, visando a caça dos votos eleitorais.
Outro fato hilário que provocou comentários na imprensa local, foi o ocorrido nas últimas eleições estaduais. Tivemos aqui uma máquina de dizimar mosquitos da Dengue, inovação trazida por um político santista, que resolveu testá-la para matar os “mosquitos vicentinos”. Também no dia do teste a máquina não funcionou antes, durante ou depois. Hoje abandonada, transformou-se no imenso “elefante branco” de nossa política. Os mosquitos? Ah, esses continuam felizes proliferando em toda Baixada.
São Vicente também pode ser considerada, a cidade com maior número de cães e também a que tem mais bolinhos de cocô ornamentando as calçadas. Mas, esse problema foi resolvido com a inauguração do PRIMEIRO “PIPI DOG” do Brasil, quiçá da América do Sul. Não riam, é verdade, ele existe sim. Onde? Na Praça 22 de Janeiro. Agora os cachorros têm um lugar próprio, para suas necessidades fisiológicas, com placa indicadora, postes, uma área com areia, saquinhos para colher suas fezes e jogá-las na lixeira. Toda comodidade de uma cidade de Primeiro Mundo e esta idéia, esperamos que ela seja ampliada para toda cidade, eliminando de vez os poluídos dejetos caninos.
A Primeira Cidade do Brasil, está sendo cogitada para entrar no livro dos recordes ( o Guinness Book ) com o maior mega-espetáculo teatral mundial, encenado na areia da praia ( Praia do Gonzaguinha ), que narra uma parte da nossa história, com a chegada de Martin Afonso de Souza, em 22 de Janeiro de 1532, oficializando-a como: “A Primeira Vila do Brasil“. Realmente gostaríamos que esta cidade fosse a Primeira em tudo: a Primeira em saneamento, com tratamento de água, esgoto, córregos canalizados, sem enchentes, favelas urbanizadas, segurança. Todos têm o dever e obrigação de trabalhar e exaltar esta “Celulla Mater”, para que sempre ocupe o primeiro lugar, dentro do contexto do progresso nacional.
( Crônica publicada em 2004, na Antologia “Humano, Humano Demais” pela Editora Arnaldo Giraldo, de São Paulo, páginas 126, 127 e 128. )
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TELEFÉRICO DE SÃO VICENTE
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