(Crônica)
Ivan Matvichuc
Dizem as más
línguas, que a Festa do Boi-Bumbá de Paríntins, no Amazonas está ficando
muito parecida com o Carnaval do Rio de Janeiro, de tendência mercantilista e que está perdendo suas raízes
folclóricas, que a ligam às tradições culturais dos povos indígenas da Amazônia.
Todos os anos, nos últimos três dias
de Junho,
turistas ávidos
de novas
emoções chegam para conhecer melhor nossos costumes e as tradições
mais sagradas. Críticas à
parte, o
importante é que sempre os meios justificam os fins e o resultado final
é sempre positivo, se considerarmos
a entrada das
abençoadas "notas
verdes", divisas propulsoras
de nossa claudicante economia.
Falar da Festa do Boi Bumbá, da afrodisíaca Ilha de Paríntins é falar também desse povo guerreiro, que colabora e não mede esforços para torná-la cada vez mais bonita. São pessoas envolvidas neste árduo trabalho artesanal, onde a criatividade se faz presente, numa terra-celeiro de artistas plásticos autodidatas, onde o gene da arte impera desde os tempos primordiais das gerações miscigenadas de sua formação. Soam ainda nos meus ouvidos saudosos o toque melodioso dos tambores e o canto sonoro das toadas cantadas pelos puxadores, contando lindas histórias dos povos da Amazônia e meus olhos saudosos e deslumbrados seguindo os requebros sensuais das lindas cunhã-porangas (meninas moças solteiras) no agito e dos seus balanços contínuos, que entorpecem os sentidos e nos causam uma profunda sensação de prazer. Lembro ainda do movimento balançante da cabeça do Boi Bumbá, tradição maranhense, que foi acolhida e adotada com carinho no coração dos amazonenses. E as recordações viajam no tempo até se deterem nas homenagens que o povo paríntinense presta aos seus filhos mais famosos.
Importante é fazer esta homenagem em vida para que o
homenageado fique sabendo
o quanto é amado e
admirado. Infelizmente, para nosso pesar, um dos
maiores colaboradores da
Festa do Boi Bumbá, nunca foi alvo das merecidas homenagens, do seu querido Boi Garantido. Estamos falando de uma figura paríntinense
ilustre. Falar deste amazonense é
falar sobre sua própria terra natal,
- "Ah !
Tonzinho, como ansiei em conhecê-lo pessoalmente,
mas a
distância madrasta impediu esta vontade" - Saudade de você, primo TONZINHO
SAUNIER,
(Crônica
publicada na Antologia "Energia Latente"- 2002" da Editora
Arnaldo Giraldo de São Paulo – Páginas 113 e 114).
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