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ROTEIRO  “LAUDELINA, A DOMÉSTICA”

Fátima Queiroz Pinho

 

 

CASARÃO – EXT. – DIA

 

(Uma mão toca o interfone. Laudelina,  jovem  baiana,  de  22  anos,  morena  clara,  olhos e cabelos castanhos,  muito alegre e falante, chega ao portão ( trancado ), do casarão. Traz na mão  um  anúncio de jornal  que confere)

 

LAUDELINA

É aquí que estão procurando doméstica?

 

(Ninguém responde, mas o portão se abre e se ouve a 9ª. Sinfonia de Beethoven. Laudelina entra e observa as grandes árvores no jardim. Surge então o imenso casarão e ela vê a figura de um homem idoso na porta principal da casa que faz um gesto, para que ela se aproxime. Ela, então, caminha em sua direção.  Observa  que  se  trata  de  um homem de aproximada- mente 62 anos, de cor branca, olhos azuis e cabelos brancos,  senhor  de  aparência pacata e  muito simpático)

 

LAUDELINA

Bom dia, eu vim através do anúncio do jornal sobre domésticas (mostra o anúncio) e...fiquei muito alegre,  pois...                                                                                                                ( o homem corta )

 

HOMEM

...Bom dia. Realmente coloquei este anúncio, pois preciso de uma pessoa que cozinhe e cuide da casa. Como se chama?

 

LAUDELINA

Laudelina!

 

HOMEM

E eu Roberval. Sabe cozinhar? Tem referências?

 

LAUDELINA

Sim tenho...

(Ela tira um envelope da bolsa e entrega a Roberval, que  lê rapidamente a carta)

 

LAUDELINA

... E modéstia à parte,  cozinho muito bem, o senhor é casado?

 

ROBERVAL

Sou solteiro, vivo sozinho e sou aposentado.

 

 

LAUDELINA

Eu também sou solteira e vivo sozinha.                                                         

 

ROBERVAL

Isso é muito importante, pois não se tem ninguém que atrapalhe a vida. Quanto a cozinha,  gosto de variedades, principalmente quanto aos tipos de carnes bem macias! Sou um carnívoro em potencial! (Abre um sorriso). Sou amante de carnes e da música de Beethoven!

 

LAUDELINA

Música de quem?

(ele não responde a pergunta)

 

ROBERVAL

Pode começar a trabalhar amanhã mesmo, certo? 

(Estende a mão e ela corresponde)

 

LAUDELINA

Certíssimo, seu Roberval!

(sorrindo)

 

CASA – INT. – DIA – DIAS DEPOIS

 

(Laudelina varre um corredor e se detém numa porta, que tenta abrir,  mas está trancada. Ouve-se  a 5ª. Sinfonia de Beethoven e surge Roberval).

 

ROBERVAL

Não! Não,  Laudelina (Ela se assusta) este quarto eu mesmo limpo, pois tem muitas coisas pessoais que não gosto que mexam, entendeu?

 

(Ela ainda assustada faz um gesto afirmativo com a cabeça e Roberval se retira ao som da 5ª. Sinfonia de Beethoven e Laudelina muito curiosa tenta olhar pelo buraco da fechadura, mas nada vê)

 

LAUDELINA

(decepcionada, para si mesma)

Que pena! Queria tanto vê o que tem aí dentro!

 

SALA DA CASA – INT – DIA

(Roberval assiste a televisão. Laudelina de pé, atrás dele. Ele comenta sobre o almoço)

 

ROBERVAL

O almoço estava delicioso! O cozido com uma carne tão macia!.... e Laudelina você cozinha muito bem. Parabéns!

 

LAUDELINA

Obrigada, patrão! Mas amanhã não tem mais carne, acabou. O senhor quer que eu compre?

                                                              ROBERVAL

(agitado)

Não, não! Carne, sou eu que sempre compra!

 

VARANDA – EXT. – DIA

 

(Roberval sentado, lendo o jornal. Laudelina ocupada em limpar o outro banco. Ele mostra-lhe uma notícia do jornal).

ROBERVAL

Veja essa notícia! Um maníaco assassino está solto ai nas ruas, fazendo vitimas. Tenha cuidado menina, quando sair à noite...

 

(Laudelina se benze)

 

ROBERVAL

... hoje em dia, as pessoas são muito violentas.

 

LAUDELINA

Se esqueceram de Deus. Lá na minha terra…

 

ROBERVAL

(cortando)

É isso mesmo, se esqueceram de Deus. Cuidado! Muito cuidado! Quanta maldade!

 

CORREDOR – INT. – DIA

 

(Ela varre o corredor e tenta abrir novamente a porta do quarto proibido. Ouve-se a música 5ª. Sinfonia de Beethoven, o ruído de Roberval tossindo e ela desiste de seu intento).

 

LAUDELINA

Ah, mas um dia, ainda entro neste quarto!

 

(Roberval aparece e fala)

 

ROBERVAL

Laudelina, amanhã farei uma pequena viagem e retornarei talvez à noite, por favor chegue um pouco mais cedo, sim?

 

LAUDELINA

Pode deixar, patrão, cedinho estarei aqui!

 

SALA  – INT – DIA

 

(Ela varre a sala. Pára um instante e alegre se joga no sofá, pega o controle remoto para ligar a TV, mas desiste e levanta-se rapidamente, pega a vassoura, vai à varanda e começa a varrer).

 

LAUDELINA

Que casa estranha, poucos móveis, sem um vaso com flores...

 O interfone toca. Ela olha pra fora e não vê ninguém. Continua varrendo. O interfone toca de novo. Ela vai até a porta principal da casa e berra).

 

LAUDELINA

Quem é? Apareça!

(silêncio total. Resolve sair, mas quando dá alguns passos, recua assustada com o terceiro toque do interfone e não vê ninguém)

 

 LAUDELINA          

      E se for o maníaco?

(Em pânico, entra e fecha a porta rapidamente. Espera por um novo toque, que não acontece)

LAUDELINA

Ah!, deve ser essa molecada da rua, querendo me perturbar.

(vai em direção do corredor da casa, varrendo).

 

CORREDOR DA CASA – INT. – DIA

 

(Laudelina varre o corredor e pára na porta do quarto, de sua curiosidade. Gira a maçaneta da porta e.... SURPRESA!!!! A porta do quarto está aberta. Ela se assusta e fecha rapidamente a porta).

LAUDELINA

Bem, agora, como ele esqueceu de trancar a porta, posso entrar...

(lentamente abre a porta, entra no quarto e se espanta)

 

LAUDELINA

Ué, está vazio!!! Só tem uma geladeira, que estranho!!!

(ela vai até a geladeira e abre a porta lentamente, quando de súbito aparece uma mão com um pedaço do braço, que despenca para fora e ficam dependurados. Laudelina, assustada, empurra o membro ensangüentado para dentro e bate a porta da geladeira. Grita histericamente. Ouve-se novamente a 5ª. Sinfonia de Beethoven e a voz de Roberval, logo atrás dela).

ROBERVAL

Laudelina!!!! Você é muito, muito curiosa!

(ela se vira lentamente, terrivelmente assustada)

 

LAUDELINA

Seu Roberval!!!!!!!!!!!!

(e uma sombra com uma faca se projeta sobre ela, que grita desesperada. Silêncio total).

 

INTERFONE DO PORTÃO - EXT. – DIA

(uma mão toca o interfone)

                                                                VOZ EM OFF

É aqui que estão procurando uma empregada doméstica?    F I M

 

 

 

 

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