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A R G U M E N T O

roteirista: Ivan Matvichuc

 

 

                   Johnny, um velho músico e poeta desempregado, freqüenta diariamente um bar paulistano, onde acaba fazendo amizade com um garção, que sempre o serve, porque conhece suas extravagâncias, como beber e escrever poesias em guardanapos. Johnny encontra nesse garção um confidente para relatar sua principal mágoa, a de ter sido abandonado pela sua ex-esposa Leninha, que o trocou por um jovem 20 anos mais jovem que ela, após duas décadas de um casamento.

                   O velho músico não conseguia compreender a confissão dela quando lhe contara que o último filho, que ele tanta amava, não era  dele e sim fruto de uma outra paixão, o que, o fazia duvidar se os outros dois filhos eram realmente dele. Na mesa do bar, ele se embriaga e despeja sua raiva com palavrões, insulta Deus e o Natal e o garção amigo o ajuda a se acalmar e o conduz para fora. Ele sai cambaleando, cai na sarjeta e se suja com a  água  e  a  lama  trazidas  pela  chuva.  Naquela noite, véspera de Natal chove muito e ele

molhado e enlameado, cambaleando pela calçada, se choca com as pessoas, que desviam dele com nojo e olhar de repulsa, até se deter na vitrine de uma loja de brinquedos, onde fica chorando ao lembrar dos filhos distantes, que naquela noite não teriam a presença do pai. Sente-se mal e vomita sobre a vitrine, emporcalhando-a toda. Sai um vendedor furioso, que o agride e o atira  novamente na sarjeta.

                   Chega a Pensão Nordestina, onde mora, atravessa o corredor principal do sobrado, entra no  seu quarto, que tem o número 13 e fecha a porta, esquecendo de trancar. No cômodo senta na cama. Liga o rádio e ouve-se Roberto cantando “A FERA FERIDA”. Desliga o rádio com violência e diz para si mesmo que aquela é uma música maldita. Reflete por um instante, olha para o criado mudo e vê um objeto brilhante, apanha-o, gira o tambor e constata que está carregado. É um revolver niquelado. Deposita a arma novamente sobre o móvel, abre a gaveta, retira dela um bloco de cartas e começa a escrever uma carta de despedida, dirigida à ex-esposa, infiel Leninha, que depois de vinte anos de casamento o traiu. Coloca a carta dentro de um envelope, escreve o nome dela e coloca o envelope sobre o criado mudo. Apanha novamente a arma e a leva até o ouvido. Arma o gatilho, coloca o dedo nele, fecha os olhos e espera a explosão final. Silêncio total.  Súbito, a porta do quarto se abre. Aparece uma moça nordestina sorridente, com um prato coberto com um guardanapo. Olha para Johnny, finge não ver a arma, que ele, constrangido, rapidamente abaixa, desarma o gatilho, com um sorriso contrafeito, de criança apanhada numa travessura. Coloca a arma, dessa vez, dentro da gaveta. Amassa a carta e a joga no chão. Ela lhe deseja um Feliz Natal e lhe oferece um prato com vatapá baiano, de sua terra natal,   porreta de quente (apimentado), como ele gosta e pede que coma, antes que  esfrie. Em resposta, ele se levanta, dá um abraço e deseja  um Feliz Natal. Vai até a janela e a abre.    A luz dos luminosos natalinos adentra ao quarto. Ouve-se uma linda música de Natal, anunciando que Jesus nasceu. Ficam abraçados contemplando o brilho das estrelas e agradecendo ao Natal, que realmente chegou para o nosso Johnny e toda a humanidade.

 

 

 

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